Essa semana perdemos um dos maiores autores da língua portuguesa. Um senhor chamado José Saramago ( para quem nunca leu nada dele, um bom começo seria o Ensaio sobre a cegueira, livro que também se tornou filme há poucos anos atrás). Ele foi o único escritor português a receber o Prêmio Nobel da literatura, e com certeza o seu falecimento fez do mundo um lugar menor culturalmente. Entretanto, não estou aqui para falar de livros, e nem mesmo de política ( afinal, o autor era um dos maiores defensores do comunismo ), mas sim para falar da falta que temos de bons exemplos, como esse senhor era.
No meu ano de vestibular, ou seja, 2008-2009 lembro-me de muitas vezes sentar em frente à televisão e me deparar com um dos programas mais absurdos da Rede Globo: O Big Brother Brasil, também conhecido como BBB que ao me ver seria também uma abreviação de: imensa perda de tempo, quantidade absurda de lixo, dentre outros apelidos carinhosos dessa série. O que mais me revoltava era o apresentador, Pedro Bial, chamá-los de heróis. Heróis de que? Futilidade? Inutilidade? Falta do que fazer? Isso me deixava p%&* da vida. Como alguém que acredita que sua melhor qualidade é sua aparência física pode ser "confundido" com um herói? Tenho certeza que era uma piada que ninguém entendia....
O próprio nome do programa já é um insulto a um grande autor, um cara chamado George Orwell, que em 1944 escreveu um livro chamado 1984 onde ele imaginou um mundo que é controlado por um "Grande Irmão"( O big brother ); um governo autoritário que não permite que as pessoas pensem e tenham sua liberdade de expressão. O meio para controlar a população? Os meios globais de comunicação: computadores, televisores, rádios... E aí, me ponho a comparar a situação, não seriam os meios globais de comunicação meios de controlar a população? Afinal, uma população ignorante é muito mais manipulável que uma socialmente formada e com opiniões próprias. O que já nos levaria a uma outra questão que é a educação nesse país. No entanto, hoje vou me manter a falar sobre a falta de exemplos. Essa discussão, fica pra um próximo post...
O Brasil peca em termos de exemplos nacionais. Não temos nossos George Washingtons, nossos Júlio Césars, nossos Luiz XVI, nossos Alexandres, nem nossos Genghis Khans... Poderíamos citar pessoas como Tiradentes? Talvez, mas quantos de nós admiram e acham que ele foi uma pessoa espetacular? O que podemos perceber em toda pintura que ele está presente é uma "cópia" de uma figura religiosa. Já repararam no quanto ele se aproxima de uma importante figura de Bíblia?? Sempre vestido de branco, rodeado de pessoas... Pois é...
Poderíamos citar D. Pedro I e sua declaração de independência... Vocês já estudaram história? A situação em Portugal estava feia para a família Bragança. A declaração de independência mais me parece um ato desesperado para manter-se imperador do que qualquer outra coisa. Afinal, D. Pedro é destronado pouco tempo depois.
Parando de buscar tão longe. Temos nosso valor. Temos nosso Caetano Veloso, Chico Buarque, Geraldo Vandré e outras figuras importantes para a história do nosso país, mas qual deles realmente é valorizado por nós? Eu, você, a juventude de hoje? São poucos os que escutam e valorizam nossa cultura. São poucos os que entendem os significados das músicas do Vandré, do Adoniram Barbosa, e mesmo os poemas do Carlos Drummond. Hoje em dia é um saco ter que estudar essas coisas pro vestibular.. pois é, que saco viu! Ter cultura e não saber o que fazer com ela é um saco... Talvez bárbaros deveriam invadir nosso país e tacar fogo em nossas bibliotecas como fizeram em Alexandria. Que falta faria?? hahaha.
Como diria Felipe Neto, a originalidade e a juventude revolucionária morreram. Não temos mais Cazuza, não temos mais Renato Russo. Nossa época de estabilidade política e o desenvolvimento do nosso país está matando a juventude, estão apagando essa chama que queima dentro dos jovens que sempre foram a esperança de mudanças no mundo. Hoje não é mais correr atrás de um mundo melhor. Hoje é ser colorido. Não é pintar a cara e lutar pelos seus ideais. É, como disseram os caras do Strike, seguir a tendência, onde o que importa não é ter conteúdo, é bombar na internet, no rádio, e se você não tiver o que falar, é só cantar yeah yeah... Chega a ser cômico... ou melhor, onde está a graça nisso tudo? É desesperador pra dizer a verdade...
Eu sinto falta de exemplos para o mundo. Eu tive meus avós, meus pais. Foram os maiores exemplos que precisei. Mas se minha família não fosse magnífica e nem mesmo bem estruturada, onde é que eu buscaria inspiração? Na bunda da Lia? No Faustão? Poderia ser no Gugu, ou até mesmo quem sabe no Sílvio Santos. As bundas do pânico.. e a lista de futilidades não para de crescer.
Não sei aonde queria chegar com esse texto, e sinceramente não me importo... eu só não aguento mais ver amigos meus namorando meninas de 14 anos. Não aguento mais ver pessoas achando que está na moda ser ignorante... eu não aguento mais as pessoas se contentarem em não sonharem... eu não aguento a mediocridade.... Queria encontrar pessoas com personalidade para se posicionarem e começarem a mudar alguma coisa que as revoltem. Eu acho que eu só queria alguém que me inspirasse... eu acho que eu só queria bons exemplos...
cara, realmente, as pessoas deveria se preocupar mais com suas influencias e coisas mais importantes do que um programa que aliena as pessoas. familia talvez seja o maior formador de nosso carater, e quem sabe a falta de uma, ou ao mesmo uma mal estruturada nao seja uma das grandes causas dos problemas que vemos hoje.
ResponderExcluirAiai. Eu costumo dizer que os clichês só são clichês pq sào as verdades mais verdadeiras que existem. E sendo assim, eu vou culpar a internet, a mídia, a TV. É tão fácil se alienar. Se trancar no quarto, assumir fotos e fatos e jeitos numa janela de msn e orkut. Massagens no ego de cada um, diariamente, falsamente. Inchados, com o tempo e a vida preenchidos, quem vai olhar pra economia, pra política, para a verdeira arte? Nãããããoooo, não vou falar que nenhum. Vou falar que são alguns. Mas, que engraçado... hoje, quem se importa é tachado de "alternativo". Por que é que certas coisas que um dia foram tão presentes na história de um povo agora foi relegada a ser "esquisito"? Precisa ser assim? Será que isso tem a ver com o post abaixo? Talvez, não sei, não sei. Tudo o que sei é que nada sei. (Não sei nem mais quem é que foi que falou essa frase...)
ResponderExcluiro pior é que "pq todo mundo faz, vou fazer tbm!" .. tudo é normal hoje em dia!!!
ResponderExcluirconcordo com tudo o que foi falado!!! só digo isso!!;D
Ahhh, Lê. Todo mundo concorda contigo em tudo!! Vou ser um pouquinho mala discodando de algumas coisas (pra variar...).
ResponderExcluirComeçando do final: "Não sei aonde queria chegar com esse texto, e sinceramente não me importo". Pô Lê, como assim não se importa? Diga isso não. Se você quer pessoas com personalidade que tomem atitudes para mudar o mundo, é claro que você se importa!
Achei legal você ter comentado sobre as influências que a mídia nos apresenta hoje e as que estudantes universitários tinham há 40 anos atrás, como Geraldo Vandré, Caetano e companhia. Bom, não sei bem como era a mídia naquela época, mas não acredito que eles defendiam a causa desses citados acima, e não duvido muito que eles também vendessem um monte de porcaria para a massa. A diferença é que, na época, poucas pessoas tinham acesso à TV. Hoje sabemos que a coisa é bem diferente, sem falar na internet.
Outro ponto que eu achei interessante foi esse lance da "vontade de fazer as coisas acontecerem e mudar o mundo". Tem uma música do Rush que diz mais ou menos assim: "As mudanças não são permanentes, mas o ato de mudar tem que ser". Concordo contigo que esse é um pensamento fundamental para a evolução de tudo, tudo mesmo!
Mas pensa comigo. Há 40 anos atrás, os jovens tinham muito mais motivos para se revoltarem contra o governo ditatorial. Cazuza defendia uma causa que na época era considerada absurda. Hoje não existem muitas causas explicitamente absurdas para serem defendidas (tudo bem, eu penso que a luta pelo cumprimento da Constituição Brasileira para todos de forma IGUAL é algo que deve ser levada muito a sério). Mas ainda assim, hoje o país cresce bem, tem uma economia estável, etc. Isso facilita para que as pessoas fiquem mais acomodadas e aceitem tudo isso sem contestar (lembrando que eu também acho que, apesar de tudo estar indo supostamente bem, sempre deve haver essa vontade de mudar).
E finalmente falando sobre influências, eu penso que se a globalização trouxe com ela um monte de coisas que ajudaram a alienar as pessoas, ela também nos deixou espaço para conhecermos pessoas de todos os lugares do mundo. Por exemplo, o teatro mágico começou a se destacar postando musicas na internet, e eu os considero um ótimo exemplo, com músicas muito bem arranjadas e letras inteligentes. Outra banda da qual eu também penso que seja um exemplo é Moveis Coloniais de Acajú, entre outras que devem existir e eu desconheço. Penso que bons exemplos existem, basta a gente procurar bem e tomarmos atitudes para estarmos mudando sempre, sendo aquela metamorfose ambulante que Raulzito cantava...
Obrigado pelo espaço, espero não ter ofendido ninguém, pois essa nunca foi minha intenção e parabéns pela iniciativa de continuar postando suas idéias, não deixando o blog morrer.
Abraços!
Vamos então comentar sobre seu comentário gui..
ResponderExcluirLendo de novo depois que você apontou o fim do texto vi que não ficou muito claro... Não é que eu não me importe com as pessoas não quererem mudar o mundo, eu não me importo se o texto foi capaz de expressar tudo que eu penso... pelo menos foi algo a mais que consegui colocar no papel. Entende? Ter um motivo para colocar um ponto inicial para uma conversa...
Quanto à parte que falo das mídias, se entendi direito, você não criticou, disse apenas que naquela época as pessoas não tinham tanto acesso. Pois é, hoje elas tem e também a internet, outro ponto que você considerou. O problema, não é o acesso, é o lixo que eles te influenciam a ouvir, participar, assistir...
Achei muito bacana voce trazer a música do rush para a discussão, e acredito que a idéia seja essa mesmo. As mudanças não devem ser permanentes, mas o ato de mudar tem que ser.
Não concordo, no entanto, que há 40 anos os jovens tinham muitos mais motivos para se revoltar. Eles tinham motivos diferentes.
Por exemplo, a política é motivo de vergonha nacional. Não deveríamos, então, tomar posição? A música. Porque temos que nos submeter a músicas inúteis como Cine e Restart, Luan Santana e genéricos? Isso também não é motivo de revolta? Nós não temos músicas boas e apreciamos muito mais a música que importamos dos Estados Unidos, por exemplo... que não passa de mais lixo se você entende o que eles cantam.
O fato do país estar crescendo é algo que também julgo muito bom e válido, mas não é complicado só porque as coisas caminham bem deixar de querer mais? Acho que a idéia é sempre querer mais e melhor, afinal, quem é que nos colocou um limite? Se atingimos algo grande, não podemos desejar algo imenso?
Sim, a globalização trouxe muitos benefícios, como os que voce citou, mas ponderando em uma balança imaginária, o que pesa mais, o que trouxe de bom ou o que trouxe de ruim?? É claro que pra quem tem uma estrutura familiar razoavel, tem um conhecimento mínimo e um pouco de opiniao todos os meios podem ser benéficos. Mas é aí que começa o problema, quantos de nós tem as qualidades acima pra fazer esse julgamento? Eu tenho, você tem, e quantos % mais da população? O problema é um pouco mais embaixo... O que eu termino o texto pedindo, que são os exemplos são para todos, claro, mas especialmente para aqueles que não os tem, como nós.
De qualquer jeito, gostei muito do seu comentário. Enriqueceu o conteúdo do texto e do blog, obrigado.
Bem, modelos e modelos...
ResponderExcluirFuser, antes de virar Guevara, queria apenas conhecer Sudamérica; teve uma surpresa grande e tornou-se o que ainda é para muitos revolucionários hoje. Ainda em tempo, Mikail Bakunin foi um ícone em 1847 por nao ter internet e ainda assim estar informado sobre a situaçao do mundo naquela época.
Depois das geraçoes de baby boomers, X-generation, new baby boomers, Y-generation, agora temos a I-generation: após os baby-boomers (geracao que tinha ícones) a geraçao X foi marcada por pessoas que nao tinham um ícone específico ou um modelo de herói. Na verdade "os heróis morreram de overdose"como disse Cazuza (grande representante da X-Generation). Depois desta Geraçao, a Geraçao Y (why?) é aquela que é representada de forma irreverente no livro "Geeks & Geezers: How Era, Values, and Defining Moments Shape Leaders". Porém, a geração "I" (eu-ego-egoísta), já não têm ícones exceto uma "coisificação e consumismo exacerbado". Posso estar enganado, é certo; mas, por que razão, eu haveria de estar plenamente correto?
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Lê,
ResponderExcluirCreio que não concordo, não com o texto, mas com certos sensos comuns.
Primeiramente a idéia de exemplo. Pessoalmente eu não concordo com pessoas serem tomadas como exemplo. Citou George Washington, tudo bem ele foi uma pessoa que lutou por liberdades individuais. No entanto ele o fez por interesse. Não quase nada de honroso na história americana.
Alexandre era um imperialista que invadia outros povos, Julio César também, não são o que eu chamaria de exemplo. E a lista continua.
O que quero dizer é que é totalmente incoerente tomar pessoas como exemplos. De novo cito "Cronicamente Inviável", você passa o filme inteiro julgando o apresentador do filme uma boa pessoa, no final você se surpreende.
Na minha visão, quando se toma pessoas como exemplo sempre acabamos caindo em paradoxos. Exemplo, você sabe que sou DeMolay. Jacques DeMolay foi um assasino, matou pessoas e comandava uma ordem rica. PONTO. Mesmo assim pessoas seriamente tomam ele como exemplo a ser seguido. WTF?!
Aí entra meu ponto, pessoas não devem servir de exemplo, atos devem servir de exemplo indiferentemente de quem os fez. JD foi o que citei acima, no entanto ele foi honroso, fiel e humilde. Digo, tudo bem levarmos o nome dele, mas cegamente admirar alguém é pura insanidade.
Volto a dizer, não gosto de pessoas exemplos, gosto de atos exemplos, não importa quem os fez a não ser pra fato histórico. Atos devem ser seguidos não pessoas.
Outro que eu realmente não gosto é a da Juventude Revolucionária.
Esse mito, essa juventude, praticamente não existiu.
Ahhh, mas o que foi o movimento "Caras Pintadas"? Nada mais que um bando de tonto usando Forum e Nike gritando na rua porque a mídia os levou a gritar na rua. Não teve nada de revolucionário nisso, foi puramente massa de manobra.
Volto então a dizer, não existiu Juventude Revolucionária. Idealista? Provavelmente. Isso todos somos. Compramos ideais como compramos comida, e jogamos todos em nossos bolsos.
Agora cito sobre a Juventude na Ditadura.
Existiram sim movimentos que visavam se rebelarem. Pessoas, figuras famosas, levantavam bandeiras e tentavam mudar o país. Sem dúvida que deve ter influenciado no decorrer da ditadura. Mas o que foi feito na verdade. Nada. Não agimos, digo eles, ficaram vendo seus "heróis" sendo exilados e torturados.
Quando temos algo a perder simplesmente não agimos. Temos medo.
Jane Elliot explica bem isso.
Aí acaba o ponto.
"Não sei aonde queria chegar com esse texto, e sinceramente não me importo... eu só não aguento mais ver amigos meus namorando meninas de 14 anos. Não aguento mais ver pessoas achando que está na moda ser ignorante... eu não aguento mais as pessoas se contentarem em não sonharem... eu não aguento a mediocridade.... Queria encontrar pessoas com personalidade para se posicionarem e começarem a mudar alguma coisa que as revoltem. Eu acho que eu só queria alguém que me inspirasse... eu acho que eu só queria bons exemplos..."
Como diz o velho e bom Kaiser Chiefs
"It's cool to know nothing" e "Everything is average nowadays"
No final Lê, temos que nos inspirar em atos. Pequenos atos. Estes, independentes da pessoa, são os fatores que farão de você uma pessoa decente ou mais um.
Abrç"