quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tudo muda quando a gente muda...

                Tente se lembrar de onde você veio. Como você veio parar aqui? O que estava fazendo ontem a tarde nesse mesmo horário? No dia anterior, na semana, mês, ano, década... Imagine que é possível saber como você se tornou quem é e quais foram os motivos que o levaram a tomar certas decisões e moldar uma determinada personalidade. Sabe o que é mais impressionante? Isso é impossível. Você não é mais a pessoa que foi ontem, e nem será a mesma pessoa amanhã. Imaginem que suas vidas são como um rio. Uma gota d'água não passará no mesmo lugar, ela sempre continuará fluindo em direção a algo muito maior e que nem ela compreende. O ser humano é assim.
                Gosto de pensar sobre as histórias das grandes figuras. Começando pelos tempos antes de Cristo. Lembrem-se dos grandes imperadores: Alexandre ( o Grande ), por exemplo. Digamos que ele tenha tido uma vida toda de dedicação para se tornar o guerreiro e líder que foi. Mas, teria ele sido tudo o que foi sozinho? Ou será que sua ferocidade, sua habilidade como estrategista fez com que milhares, talvez milhões se movessem em pró dos sonhos de um visionário, ou louco, chame-o do que quiser. Pense em Julio César de Roma. Ele não foi filho de rei. Foi filho de um senador romano medíocre. Seu tio, por outro lado, foi um homem grandioso que foi assassinado por Sila, que se tornou ditador de Roma. Forçado a fugir, Julio César começa a se destacar na embarcação romana que o aceitou como soldado e seu superior percebe que nesse homem há olhos de uma ferocidade não vista antes. Loucura? Quem sabe... Quando analisamos a fundo, me parece que quase todos os grandes tinham um quê de insanidade, não? Voltando ao romano, Julio César retorna a Roma mais tarde, torna-se senador e começa a ganhar destaque. Torna-se general de legião, depois comandante de legiões, e suas conquistas são o suficiente para 4 livros que resumem sua história ( Escritos por Conn Iggulden. Recomendo! ). De qualquer jeito, esse foi o homem que conseguiu expandir o império romano até a Espanha, Gália e Egito. Quantas pessoas colocaram suas vidas em risco? Quantos milhares morreram? Em pró de que? Uma Roma mais poderosa, claro. Mas será que todos viam assim? Ou será que eles seguiam seus comandantes e amigos por que existia um alguém, uma pessoa que tinha a capacidade de mudá-las?
                Vejamos Jesus Cristo, por exemplo. Não vou entrar em méritos religiosos, pois esse tipo de discussão não convém. Todos tem o direito de acreditar no que quiserem, mas independente de sua religião, ninguém pode negar que Ele foi um grande líder. Suas idéias de salvação após a morte, e outras tantas, forçou o quase desaparecimento do politeísmo no império romano, que, como descrito acima, abrangia pedaços da Ásia, África e mais de metade da Europa. Ele moveu milhares de pessoas e foi um homem que não pegou em armas. Que acreditava na palavra, no amor, na confiança, na amizade ( Quase impossível não sentir falta desses sentimentos... ). E um homem, santo ou não, foi capaz de proliferar suas palavras, sentimentos, crenças através do mundo, através de outras pessoas.
                A Igreja Católica, anos mais tarde e sua febre de reconquistar a terra santa e suas famosas cruzadas. As pessoas que acreditam em alguém ou algo, mudam. E elas tem a força de mudar outras pessoas, mudarem outros destinos e seguirem atrás de algum tipo de objetivo. Tudo bem que a maior parte delas desconhece o real motivo que as mobiliza, porém, para grande parte delas, isso não interessa. Alguém as fez acreditar que aquele era o caminho certo, e alguém, pelo visto, acreditou. Mais tarde com Hitler e sua doutrinação contra o impuro que não tem nada de impuro, são seres humanos, diferentes, é claro, mas seres humanos como todos os outros. Tenham eles olhos escuros e pele escura ou olhos claros e pele clara. Sejam eles homossexuais ou héteros, judeus ou católicos. Todas essas histórias de instituições, reis, imperadores que conduziam pessoas, exércitos, países, são histórias de mudanças, boas, ruins, cabe ao mundo julgar, não a mim.
                Gosto muito de um filme que chama "A corrente do bem", aposto que quase todos já ouviram falar a respeito. Nesse filme um menino tem a idéia de que é possível mudar o mundo caso você faça um favor a 3 pessoas sem pedir nada em troca apenas que elas continuem com a corrente, fazendo algo que possa mudar a vida de outras 3 pessoas. A verdade é que o poder da mudança não está em algum livro, em alguma lição que é aprendida pela internet sem ter o contato com outras pessoas. Isso não acontece... as pessoas mudam quando alguém se aproxima delas e elas percebem que há algo melhor para ser. As pessoas mudam quando alguém chega e é capaz de dizer que o mundo é mais belo quando se vai em uma outra direção. Ninguém está dizendo que você precisa acreditar em qualquer otário que aparecer por aí, mas não tenha dúvidas de que você irá mudar, e sua visão de mundo vai mudar. Você vai tentar mudar outras pessoas, vai tentar fazê-las andar ao seu lado em pró de algo que você acredita, que julga necessário e justo. As mudanças ocorrem quando pessoas se mobilizam. Ninguém, NUNCA, mudou o mundo sozinho. Todos que foram grandes, foram grandes pois existiram muitos outros grandes abaixo e ao lado desses mesmos. Mas você é capaz de mudar outras pessoas e fazer com que essas pessoas mudem e fazer com que tudo mude?
                Não vá sair por aí achando que é possível mudar o mundo porque você joga papel no lixo. Não estou dizendo que você deve viver na inércia e colocar tudo a perder porque ninguém ao seu redor não faz nada. Isso é comum, e você não é o único que enxerga as coisas assim. Porém, assim como tudo, o começo é o mais difícil. Mudar alguma coisa toma tempo, exige dedicação. Uma boa idéia não é uma boa idéia se você é o único que acredita nela. Uma boa idéia é aquela que faz pessoas arrepiarem, aplaudirem, escreverem a respeito, seguirem seus passos e lhe admirarem. Você precisa mudar. Você precisa acreditar em quem é, no que faz. Quando você mudar, tudo vai mudar. Todos começarão a mudar. E um dia, por fim, tudo terá mudado pois, em algum ponto, nós também mudamos...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Parem de jogar papéis nas ruas...

A descrição de uma cena: "Um homem caminha enquanto retira um objeto de uma embalagem, há um lixo a cerca de 15 metros, mas ele está com pressa, ele sempre está com pressa. Para que parar? Para que desviar 15 metros de seu percurso? Não importa. Ele joga ali mesmo...". Quantas vezes, diariamente, não nos deparamos com situações assim? Sejam embalagens plásticas, bitucas de cigarro, papéis. Sempre há alguém contribuindo. E nem parece algo tão distante, afinal, 15 metros são 15 passos, não é mesmo?
                Não sei quanto vocês estão prestando atenção para o que ocorre no mundo. A verdade é que por atitudes pequenas assim e outras grandes como industrialização, irresponsabilidade ambiental; estamos vivenciando catástrofes ambientais cada vez mais bizarras. Vocês estão prestando atenção no mundo? Vamos aos fatos dos últimos meses:
                Em primeiro lugar vamos falar a respeito do vazamento de petróleo no Golfo do México. A maior catástrofe ambiental causada por falhas humanas até agora...  A área de vazamento ultrapassou o tamanho de pequenos países e o gasto para controle de danos já atingiu a gigantesca quantia de 8 bilhões de dólares. Já imaginou o que daria pra fazer com 8 bilhões de dólares? São tantos zeros que dá pra se perder aí no meio. Se não fosse uma catástrofe onde estão envolvidas companhias britânicas e os Estados Unidos, fico imaginando quais seriam as conseqüências para o país. Invasão, controle do governo, derrubar ditadores??
                Continuando, a onda de calor que a Rússia está enfrentando. O maior registro dos últimos mil anos. Desde o começo do período de seca, já morreram 52 pessoas e as taxas de mortalidade em Moscou dobrou devido ao calor e à fumaça de incêndios florestais. No Paquistão as piores enchentes dos últimos 80 anos mataram 1.600 pessoas e atingiu 20 milhões, o que totaliza aproximadamente 11% da população do país. Números suficientes para assustar qualquer um, não? O secretário geral da ONU em visita ao país declarou que é a maior catástrofe que já viu na vida, e autorizou o envio de uma ajuda de aproximadamente 460 milhões de dólares. ( O investimento para controlar os danos do petróleo já ultrapassaram 8 BILHOES )
                Antes de começar a dar minha opinião sobre tudo isso, ainda quero relembrar um pouco de história. Para os que não sabem, a industrialização começou no século XVIII ( 18 ) e se expandiu no século XIX ( 19 ) para outros países. Foi um processo importante para o mundo capitalista. O mundo deixou de depender pura e simplesmente do trabalho humano, enquanto a qualidade e produção atingiam níveis que eram capazes de impressionar qualquer um. Mas não é para esse tipo de coisa que devemos estar atentos, mas sim para o modo como fazíamos essas máquinas funcionarem. Primeiro era a queima de carvão mineral para gerar calor e mover as turbinas a vapor; hoje em dia, em uma grande maioria de países, o petróleo e seus derivados. Tudo muito belo, não?
                O problema de tudo isso são as conseqüências de séculos de negligencia ambiental. Você consegue imaginar a quantidade de poluição jogada por aí? A quantidade de coisas tóxicas jogadas em rios e nos oceanos? É incontável o número de problemas que isso causou e vem causando. Não precisamos nem ir tão longe assim, pegue o rio Tietê. É um rio que passa no meio da cidade de São Paulo, uma cidade rica em empresas e produção, sem falar que é uma das maiores cidades do mundo, mas que tem um esgoto a céu aberto atravessando suas marginais.
                Tudo bem, muitos podem argumentar que antes não tínhamos o conhecimento necessário para entender os efeitos da industrialização e mesmo os efeitos que aqueles poluentes tinham de maneira geral. É um argumento muito válido, porém hoje nós temos e o espaço para desculpas está se esgotando. Se é difícil ver pessoas mudarem pequenos hábitos para combater isso, fico imaginando grandes empresas. É claro que muitos utilizarão o protocolo de Quioto como uma defesa do combate à catastofres ambientais, mas mesmo assim, as mudanças estão realmente ocorrendo?
                A conversa de que gerou o protocolo teve início em 1988 no Canadá e foi aberto para assinaturas em 1997 e apenas ratificado em 1999, o que geram 11 anos de conversa para uma atitude nem tão agressiva assim. Para entrar em vigor era necessário que tivesse sido assinado por países que, somados, seriam responsáveis por 55% da emissão de gases e isso ocorreu apenas em fevereiro de 2005. Hoje nós já temos uma situação mais favorável que engloba quase o mundo inteiro, apenas os "diferentes" ( que são os EUA ) não ratificaram o protocolo pois isso afetaria a economia deles e porque eles tem dúvidas do quanto o homem é realmente responsável pelas alterações climáticas que ocorrem na Terra ( Katrina poderia ser uma resposta, não? Só indagando.... )
                Estão tentando, talvez. Mas não o suficiente ou, pelo menos, não como deveriam. Acho um pouco difícil falar sobre isso, por isso vou me ater mais aos hábitos das pessoas. Quantos de nós não teve a oportunidade de escutar algum infeliz falando: "Não vou fechar a torneira porque não vou estar vivo quando a água acabar", ou "O que não me atinge não me interessa". Se vocês nunca tiveram essa infelicidade, os parabenizo. Eu tive, e isso me revolta. Porque essa necessidade de ser inconseqüente? É tão difícil assim mudar um hábito? Tome um banho de menos minutos. Use um carro com menor potência. Apague a luz ao sair do quarto. São coisas tão pequenas, e que parecem tão insignificantes, mas quando somadas, faz tanta diferença. Imagine milhões usando menos água. Milhões apagando as luzes. Imagine o que milhões podem fazer.... já vimos tantos mudarem com tão pouco, porque seria impossível mudar com muitos?